O sonho da maternidade diante da vida empresarial
- Maria Lígia Gomes
- 15 de jul. de 2022
- 3 min de leitura
Não gente, esse sonho ainda não é meu, mas quero compartilhar com vocês um fato que aconteceu comigo e que me levou a refletir sobre esse tema. Eu tenho uma grande amiga, fisioterapeuta competentíssima, proprietária de uma clinica de fisioterapia e pilates junto com seu marido, ela já me atende no consultório dela há uns 5 anos, seus atendimentos são sempre pontuais, com direito a confirmação no dia anterior, sempre vai além das demandas que eu solicito como paciente, eu faço uma massagem relaxante e no final ganho uma quiropraxia, quando o atendimento é mais clínico, ela não me deixa sair de lá sentindo a mesma dor, ou a dor diminui ou cessa.
Em 2019, num desses atendimentos ela me fala que decidiu realizar um sonho, que era de ser mãe, e que já tinha começado a se preparar pra que esse dia chegasse, entre idas ao médico, redução de peso, apoio do marido, já estava tudo acertado. Eu fiquei muito feliz com a animação da minha amiga e mais feliz ainda quando meses depois ao voltar pro atendimento, ela me contou que ja estava grávida. Pouquíssimo tempo depois, começou a pandemia, e junto com ela, o medo, a insegurança, o stress, a nossa incapacidade diante de um problema que afetava o mundo. No final de 2020 vivemos o apagão no estado do Amapá, foram dias sem energia, sem internet e foi no meio dessa confusão que o bebê da minha amiga nasceu.

Finalmente, quase um ano e meio depois minha amiga, retorna as atividades no trabalho, tudo foi superado, e o desafio agora era tentar voltar a rotina de trabalho. Assim que ela abriu agenda, marquei meu horário, e na hora do meu atendimento, ela me liga e fala que se esqueceu, me pediu desculpas e remarcamos. Voltei no dia remarcado e ao terminar meu atendimento, minha amiga não quis receber. Pediu desculpas mais uma vez pelo ocorrido, disse que era inadmissível, o que tinha acontecido, me contou que simplesmente se envolveu nas demandas de mãe e não viu a hora passar, quando lembrou do atendimento já estava quase no horário, e foi quando me ligou pedindo desculpas e se sentindo culpada.
Eu entendi completamente a falta dela e reorganizei minha agenda pra seguir meu dia, mas e se fosse um cliente mais impaciente? Com certeza ela foi tomada pelo sentimento de autoculpa. Por não ter lembrado, não ter me avisado com antecedência, por não ter ido, por ter deixado uma cliente amiga ter perdido o seu tempo. E como forma de mediar, a próxima consulta não seria cobrada, o que obviamente não foi aceito por mim.
A profissão empresarial é cercada pelo sentimento de autoculpa, se seu negócio vai bem, maravilha, se não vai, é bem possível que seja sua culpa. Não temos nenhum chefe que nos imponha o que devemos fazer, como fazer e o que fazer, tudo depende exclusivamente de nós, da nossa liderança e das nossas decisões. Essa carga de autoculpa, se torna ainda maior quando se trata de mulheres, empresárias que são mães, que precisam se dedicar aos negócios, mas que não querem abrir mão de viver o sonho de ser mãe, de preferência, a melhor mãe.
Parece desanimador, realizar o sonho de ter um filho (ou vários) e ser uma empresária bem sucedida, no entanto, percebo que as mães empresárias, se tornam profissionais gigantes, maiores do que antes da maternidade, mais intuitivas, sagazes, focadas, fortes. A maternidade desperta habilidades que elas nem imaginariam ter. E que são absolutamente aproveitáveis no ambiente empresarial.
No último encontro com minha amiga, durante meu atendimento, lá estava ela, mais resiliente que nunca, me contanto sobre as pretensões de ampliar sua clínica. E dessa vez saio do meu atendimento muito mais feliz com os sonhos realizados e os por realizar da minha querida amiga, mãe, empresária, Carol.
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